1.2. Divagações Desnecessárias

Sabem acho que esse é o maior problema, pelo menos de nós mulheres, estarmos sozinhas, não o sabemos fazer, talvez por vivermos numa sociedade onde nem sempre isso é seguro, onde não podemos ir simplesmente a um bar sem um idiota qualquer nos abordar, e calma, adoro que idiotas me abordem, sobe a autoestima é a realidade, mas tudo o que é em exagero é demais, até quando não é aceitável uma mulher ir beber um copo sozinha sem ouvir o típico comentário “o que faz uma menina assim tão bonita aqui sozinha?”, não é da tua conta é a resposta certa, ou mais próxima, até porque não há razão, existem centenas de motivos para os quais podemos sair de casa ir até ao bar mais próximo e pedir uma bebida. Terminamos um dia de trabalho, festejamos uma conquista, estamos de coração partido, tivemos um dia de merda, ou pura e simplesmente nos apetece um puto de um copo. Acho que me sinto extremamente confortável comigo, sair sozinha, estar sozinha, até posso dizer que gosto, mas por outro lado existe parte de mim que tem medo que eu chegue há incrível conclusão que apenas a minha companhia me chega, que estou melhor assim sozinha a todos os níveis, com relações, seja de amizade ou de amor, efémeras, insignificantes e descartáveis, porque no final do dia tenho-me a mim, que me torne a pessoa fria que não precisa de ninguém e na realidade era mais fácil, mais seguro, mais contante, porque as pessoas falham e vão continuar a falar e a regra é, se te importas, eventualmente vais acabar mal. Outro grave problema para nós, seres do sexo feminino… os outros seres do sexo feminino. Depois de estarmos dentro da nossa própria mente fodida, como é que é possível confiarmos numa igual, tantas manhas e truques com que cada uma de nós joga, que nos faz sempre duvidar do outro lado, tanta falsidade desnecessária e vida para as aparências, porque ser mulher é isto, uma mulher que que ser o ex-libris do potencial, se é bonita, pode ficar mais bonita, é para isso que existe a maquilhagem, filtros, cirurgias, se é toda boazona, há sempre por onde melhorar, há sempre algo flácido, pequeno, grande, se é inteligente é um problema, se é burra coitadinha, havemos de agradar a gregos e a troianos não é meninas? Sejamos honestas, 90% de nós somos umas cabras dissimuladas que jogamos um jogo viciado e por mais que o critiquemos jogamos à nossa maneira e tentamos alterar as regras para no final sempre nós as grandes vencedoras neste mundo de fachada. Conselho honesto? Vai haver sempre alguém melhor, podemos puxar de tudo o que temos, dar tudo e mais alguma coisa, que um dia vai passar na nossa frente uma nojenta qualquer que vai ser melhor que nós e o difícil não é encontrar alguém que discorde disto, que ache que somos a pessoa mais incrível na face da terra esculpida por mãos divinas, o mais difícil e cliché dos clichés, o mais difícil é cada uma de nós acreditar nisto. Eu não me acredito, sou um sete em dez de corpo, oito ou nove de personalidade dependendo dos dias e se tens um bom gosto pessoal ou não. Sou extremamente moldável, adapto-me a grupos, ambientes, ciclos, consigo ser exatamente a pessoa que tu queres pelo tempo necessário para te ganhar, ou simplesmente ser o que me apetece quando me apetece. Gostava de me descrever de melhor maneira, mas assumo a minha hipocrisia e digo que vivo para tentar agradar e esse é o meu maior problema, passar a vida a tentar agradar aos outros, a cuidar dos outros e ficar assim, repetir os mesmos erros e padrões e no final ter dúvidas se isto realmente sou eu ou é mais um papel que interpretei na perfeição até ao espetáculo terminar.

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